terça-feira, 26 de janeiro de 2010

"Tá bom"?!

- Eu te amo!
- Tá bom!
- Na verdade, eu pensei que te amava. Tchau.

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Compilação (*)

"Eu sempre estive entre aspas...Ficar triste é um sentimento tão legítimo quanto a alegria . Reclamar do tédio é facil, dificil é levantar da cadeira e fazer uma coisa que nunca foi feita. Queria nao me senti tão responsável pelo o que me acontece ao meu redor. Felicidade é a combinação de sorte com escolhas bem feitas. Pessoas com vidas interessantes interessam-se por gente que é o oposto delas. Emoção nenhuma é banal se for autentica. Dar certo não está relacionada ao ponto de chegada, mas ao durante. O prazer está na invenção da propria alegria, porque é do erro que surgem novas soluções. Os desacertos nos movimentam, nos humanizam e nos aproximam dos outros. Enquanto um sujeito nota 10 nem consegue olhar pro lado, sobre pena de ver o seu mundo cair. O mundo já caiu baby! Só nos resta dançar sobre os destroços. Nosso maior inimigo é a falta de humor."

(*)Por Pedro Bial na primeira eliminação do BBB10, ao unir citações de Elenita, que mencionam Martha Medeiros e Clarice Lispector, no microblog do programa.

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

De cara lavada. (Martha Medeiros)

hoje me desfiz dos meus bens
vendi o sofá cujo tecido desenhei
e a mesa de jantar onde fizemos planos

o quadro que fica atrás do bar
rifei junto com algumas quinquilharias
da época em que nos juntamos

a tevê e o aparelho de som
foram adquiridos pela vizinha
testemunha do quanto erramos

a cama doei para um asilo
sem olhar pra trás e lembrar
do que ali inventamos

aquele cinzeiro de cobre
foi de brinde com os cristais
e as plantas que não regamos

coube tudo num caminhão de mudança
até a dor que não soubemos curar
mas que um dia vamos

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

De-sa-ba-fo. (esse é meu mesmo)

Quer me deixar? Diga-me e faça-o!
Não fique com medo de me fazer sofrer! Já aguentei coisas muito piores. Acredite!
Me deixar sem satisfações será pior pra você! O abandono é sinal de desprezo, e em vez de tristeza, ele me causa ódio! Desconsideração me causa repulsa!! E pra mim, é aí que nossa situação se encaixa.

Como disse uma vez Jabor, as coisas podem acabar como começam, e você não tinha obrigação nenhuma de me manter em seu coração se deixou de me amar! E como estava conversando agora há pouco com alguém que, pelo contrário, me é recíproco, tudo passa!

Suponho ter a maturidade suficiente pra colocar cada sensação numa gaveta diferente! Acabou o amor? Por mim restariam a confiança, o apreço, a admiração! Assim como você, eles sumiram!

Já até me senti culpado, num impulso muitas vezes idiota de ser compreensivo demais. Sabe, há características inerentes à nossa personalidade emocional que justificam existir um lado racional que as controle.

Impulsão é parte de mim. O perdão também. Você abdicou dos dois.

Visão de Clarice Lispector (Carlos Drummond de Andrade)




Ausente por um tempo, volto para outra temporada. As incertezas, deixemos com o tempo! Ah, o tempo! Sábio governante... E como governante, transferimos sobre ele, numa tentativa de inútil ilusão, a culpa de algumas das nossas faltas.

Hoje, uma mente brilhante descreve outra. Cada qual, com a sua particularidade! Clarice por Drummond!

E que em 2010, possamos respirar mais poesia, enfim!



Clarice,
veio de um mistério, partiu para outro.

Ficamos sem saber a essência do mistério.
Ou o mistério não era essencial,
era Clarice viajando nele.

Era Clarice bulindo no fundo mais fundo,
onde a palavra parece encontrar
sua razão de ser, e retratar o homem.

O que Clarice disse, o que Clarice
viveu por nós em forma de história
em forma de sonho de história
em forma de sonho de sonho de história
(no meio havia uma barata
ou um anjo?)
não sabemos repetir nem inventar.
São coisas, são jóias particulares de Clarice
que usamos de empréstimo, ela dona de tudo.

Clarice não foi um lugar-comum,
carteira de identidade, retrato.
De Chirico a pintou? Pois sim.

O mais puro retrato de Clarice
só se pode encontrá-lo atrás da nuvem
que o avião cortou, não se percebe mais.

De Clarice guardamos gestos. Gestos,
tentativas de Clarice sair de Clarice
para ser igual a nós todos
em cortesia, cuidados, providências.
Clarice não saiu, mesmo sorrindo.
Dentro dela
o que havia de salões, escadarias,
tetos fosforescentes, longas estepes,
zimbórios, pontes do Recife em bruma envoltas,
formava um país, o país onde Clarice
vivia, só e ardente, construindo fábulas.

Não podíamos reter Clarice em nosso chão
salpicado de compromissos. Os papéis,
os cumprimentos falavam em agora,
edições, possíveis coquetéis
à beira do abismo.
Levitando acima do abismo Clarice riscava
um sulco rubro e cinza no ar e fascinava.

Fascinava-nos, apenas.
Deixamos para compreendê-la mais tarde.
Mais tarde, um dia... saberemos amar Clarice.