quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

AVISO - CdP

Olá, caros seguidores do Colecionador de Palavras!!

Até o próximo Domingo (25/01/2009), ficaremos sem postagens no blog. Estou participando de um Congresso da União Nacional dos Estudantes em Salvador e impossibilitado de acessar a Internet.´

Na próxima semana retornaremos a nossas literalidades!

Agradeço a todos pela compreensão!!

Jean Falcão
Webmaster CdP

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

Há Momentos (Clarice Lispector)



Há Momentos - Clarice Lispector

Há momentos na vida em que sentimos tanto
a falta de alguém que o que mais queremos
é tirar esta pessoa de nossos sonhos
e abraçá-la.

Sonhe com aquilo que você quiser.
Seja o que você quer ser,
porque você possui apenas uma vida
e nela só se tem uma chance
de fazer aquilo que se quer.

Tenha felicidade bastante para fazê-la doce.
Dificuldades para fazê-la forte.
Tristeza para fazê-la humana.
E esperança suficiente para fazê-la feliz.

As pessoas mais felizes
não têm as melhores coisas.
Elas sabem fazer o melhor
das oportunidades que aparecem
em seus caminhos.

A felicidade aparece para aqueles que choram.
Para aqueles que se machucam.
Para aqueles que buscam e tentam sempre.
E para aqueles que reconhecem
a importância das pessoas que passam por suas vidas.

O futuro mais brilhante
é baseado num passado intensamente vivido.
Você só terá sucesso na vida
quando perdoar os erros
e as decepções do passado.

A vida é curta, mas as emoções que podemos deixar
duram uma eternidade.
A vida não é de se brincar
porque um belo dia se morre.

domingo, 11 de janeiro de 2009

(Charles Chaplin)



Essa, definitivamente, dispensa qualquer introdutoriedade!


Já perdoei erros quase imperdoáveis,
tentei substituir pessoas insubstituíveis
e esquecer pessoas inesquecíveis.

Já fiz coisas por impulso,
já me decepcionei com pessoas quando nunca pensei me decepcionar, mas também decepcionei alguém.

Já abracei pra proteger,
já dei risada quando não podia,
fiz amigos eternos,
amei e fui amado,
mas também já fui rejeitado,
fui amado e não amei.

Já gritei e pulei de tanta felicidade,
já vivi de amor e fiz juras eternas,
"quebrei a cara muitas vezes"!

Já chorei ouvindo música e vendo fotos,
já liguei só para escutar uma voz,
me apaixonei por um sorriso,
já pensei que fosse morrer de tanta saudade
e tive medo de perder alguém especial (e acabei perdendo).

Mas vivi, e ainda vivo!
Não passo pela vida…
E você também não deveria passar!

Viva!
Bom mesmo é ir à luta com determinação,
abraçar a vida com paixão,
perder com classe
e vencer com ousadia,
porque o mundo pertence a quem se atreve
e a vida é "muito" pra ser insignificante.

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

O contrário do Amor (Martha Medeiros)




Queridos, confesso: estava sem inspiração hoje! Sem aquele "tchan" necessário se fazer bem feito, sabe? Porém, QUERIA FAZÊ-LO! Isso basta!

Pensando, como sempre, em diversificar, fui em busca de sugestões para o menu de hoje. Eis que me deparo e deixo-me conquistar mais uma vez com a sensível robustez de Martha Medeiros, que levou o meu objetivo de miscelanizar a léguas longe daqui. Outros ventos certamente o trarão!

Enquanto isso, deixo-lhes na afável companhia da escritora gaúcha, esperando que levem o melhor dela para suas experiências de vida!




O contrário do Amor

O contrário de bonito é feio, de rico é pobre, de preto é branco, isso se aprende antes de entrar na escola. Se você fizer uma enquete entre as crianças, ouvirá também que o contrário do amor é o ódio. Elas estão erradas. Faça uma enquete entre adultos e descubra a resposta certa: o contrário do amor não é o ódio, é a indiferença.

O que seria preferível, que a pessoa que você ama passasse a lhe odiar, ou que lhe fosse totalmente indiferente? Que perdesse o sono imaginando maneiras de fazer você se dar mal ou que dormisse feito um anjo a noite inteira, esquecido por completo da sua existência? O ódio é também uma maneira de se estar com alguém. Já a indiferença não aceita declarações ou reclamações: seu nome não consta mais do cadastro.

Para odiar alguém, precisamos reconhecer que esse alguém existe e que nos provoca sensações, por piores que sejam. Para odiar alguém, precisamos de um coração, ainda que frio, e raciocínio, ainda que doente. Para odiar alguém gastamos energia, neurônios e tempo. Odiar nos dá fios brancos no cabelo, rugas pela face e angústia no peito. Para odiar, necessitamos do objeto do ódio, necessitamos dele nem que seja para dedicar-lhe nosso rancor, nossa ira, nossa pouca sabedoria para entendê-lo e pouco humor para aturá-lo. O ódio, se tivesse uma cor, seria vermelho, tal qual a cor do amor.

Já para sermos indiferentes a alguém, precisamos do quê? De coisa alguma. A pessoa em questão pode saltar de bung-jump, assistir aula de fraque, ganhar um Oscar ou uma prisão perpétua, estamos nem aí. Não julgamos seus atos, não observamos seus modos, não testemunhamos sua existência. Ela não nos exige olhos, boca, coração, cérebro: nosso corpo ignora sua presença, e muito menos se dá conta de sua ausência. Não temos o número do telefone das pessoas para quem não ligamos. A indiferença, se tivesse uma cor, seria cor da água, cor do ar, cor de nada.

Uma criança nunca experimentou essa sensação: ou ela é muito amada, ou criticada pelo que apronta. Uma criança está sempre em uma das pontas da gangorra, adoração ou queixas, mas nunca é ignorada. Só bem mais tarde, quando necessitar de uma atenção que não seja materna ou paterna, é que descobrirá que o amor e o ódio habitam o mesmo universo, enquanto que a indiferença é um exílio no deserto.

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Mulata Exportação (Elisa Lucinda)




6 de Janeiro - Para a tradição Católica é Dia de Reis! Dia de tirar os enfeites de Natal e reservá-los numa caixinha lá no alto do guarda-roupas e longe da poeira, para que sejam usados no próximo Dezembro.
Tá, isso nunca dá certo! Os pisca-pisca ressecam e soltam as luzinhas, as bolas perdem a cor e nós acabaremos tendo que comprar novamente tudo no próximo Dezembro.

Mas num é o que acontece? No dia de Reis guardamos tudo esperando que no próximo Natal possamos deixar nossa casa toda bonita como no que passou. Sabemos por experiências anteriores que não vai acontecer, mas a esperança de que aconteça está sempre lá!

É sobre isso o nosso papo de hoje: ESPERANÇA. Uma esperança que precisa ser cada vez mais posta em evidência por meio de ações: a esperança de um mundo melhor!

Eu sei, você deve ter pensado: Aff que saco! Lá vem aquele papo demagógico de começo de ano! NÃO!
Hoje a esperança que eu procuro incentivar tem em um dos seus pilares a ausência do preconceito!
Conceito pré-estabelecido: inerente à raça humana! No entanto cabe a você a decisão de usá-lo: como e quando!

Vale a pena refletir! E para tornar a reflexão mais especial, hoje mudamos um pouco a nossa rotina!! Temos no cardápio a poesia falada temperada pela atuação da fantástica Elisa Lucinda, que vivificando e extraordinariamente a poesia "Mulata Exportação" de sua autoria, sacia-nos a fome de ARTE!

Bon Appetit!

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

A Impontualidade do Amor (Martha Medeiros)




Olá, caríssimos!! É uma felicidade enorme saber que estão curtindo o blog! Me fazem muito feliz e simultaneamente grato pelos mais de cem acessos em cinco dias! É uma demonstração verdadeira de carinho!
Para comemorar, busquei hoje um texto da cronista, poeta e inteligentíssima gaúcha Martha Medeiros, da qual, as obras marcam pelo firme senso de realidade atrelado à maleabilidade da sensibilidade feminina.





A Impontualidade do Amor

Você está sozinho... Você e a torcida do Flamengo, em frente a TV, devorando um pacotes de bolachas, uma caixa de bombom, enquanto espera o telefone tocar. Bem que podia ser hoje, bem que podia ser agora, um amor novinho em folha. Trimmm! É a sua mãe, quem mais poderia ser? Amor nenhum faz chamadas por telepatia. Amor não atende com hora marcada. Ele pode chegar antes do esperado e encontrar você numa fase meio "galinha", sem disposição para relacionamentos sérios. Ou pode chegar tarde demais e encontrar você desiludido da vida, com medo de sofrer de novo. Por que o amor nunca chega na hora certa?

O amor aparece quando menos se espera. Você passa uma festa inteira hipnotizado por alguém que nem lhe enxerga e não repara em outro alguém que só tem olhos para você. Ou você busca refúgio numa locadora de vídeo, ou no supermercado, sem prever que ali mesmo, você poderá encontrar a pessoa que dará sentido a sua vida. O amor é mesmo que nem tesourinha de unhas: nunca está onde a gente pensa. Seu amor pode estar nesse supermercado, pode estar impaciente na fila de um banco, na padaria, pode estar cantarolando sozinho dentro de um carro. O amor está em todos os lugares, você é que não tem observado bem.

Não fique aí esperando um príncipe! Não espere ouvir "Eu te amo" num jantar à luz de velas, no Dia dos Namorados. O amor odeia clichês. Você pode ouvir "Eu te amo" quando você menos esperar, assim, "do nada". E as flores vão chegar num dia qualquer, apenas para informar como você é especial para alguém. Espalhe que o amor não é banal, é fundamental e que embora estejam distorcendo o sentido verdadeiro dele nos tempos modernos, ele existe e é o ingrediente mais importante da poção mágica chamada felicidade.

sábado, 3 de janeiro de 2009

Beleza Não é Tudo (Eraldo Fonseca)




Olá meus caros! Estava eu procurando o deleite de hoje para vossos corações e Eraldo mais uma vez me surpreende prontamente com a escrita que podem acompanhar logo abaixo. Uma sincera sensibilidade traduzida em versos propriamente ausentes de rodeios e prolixidades afins.


Beleza Não é Tudo

Pra mim beleza não é tudo!
Ela só serve mesmo como fator de atração.
Serve pra atrair,trair,escravizar!
Pra mim beleza não é tudo!
O jeito de ser é o mais belo!
É ele que faz os feios ficarem lindos e os bonitos fascinantes!
Não, Beleza não é tudo!
Vocabulário! Taí, esse é fundamental!
O que uma palavra bem empregada no momento exato não é capaz de fazer?
Beleza é efêmero! Sua atitude não, beira o eterno!
Uma pessoa bonita sem atitude é como um flor inodora!
É bonita fora mas não tem essência, não se tem o essencial!
O abstrato é bonito! Pois por não ter forma, não aprisiona! Qualquer um é livre para imaginá-lo da maneira que quiser sendo, pois, o mais belo imaginável!
Beleza não é essencial!
Essencial é ter um sorriso faceiro!Que encanta!
Uma pureza no olhar, mesmo que ele esteja manchado pelo rimel ou com olheiras resultantes de uma longa noite de sono!
Mas quando se é bonita, tem todo um jeito especial de ser, tem um vocabulário bacana, um sorriso lindo e um olhar encantador que te remete aos sentimentos mais puros!
Aí sim! Podemos afirmar com todas as convicções! Ela é linda! E argumentos não faltam!

sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

Rifa-se um Coração (Clarice Lispector)



Para começarmos o ano firmemente apoiados no pé direito, o Colecionador de Palavras estréia sua coletânea 2009 com a obra inominável Clarice Lispector. No poema que poderão degustar abaixo, ela utiliza-se mais uma vez da sua sensibilidade única para dar voz a um coração consciente da necessidade de outro que lhe auxilie a sacudir a poeira e consertar os remendos que experiências antigas deixaram, a fim de seguir rumo à felicidade.

Rifa-se um coração
Um coração idealista
Um coração como poucos
Um coração à moda antiga.
Um coração moleque
Que insiste em pregar peças no seu usuário.

Rifa-se um coração
Que, na realidade, está pouco usado
Meio calejado, meio machucado
E que teima em alimentar sonhos e cultivar ilusões.
Um pouco inconseqüente
Que nunca desiste
Um leviano
E precipitado coração
Que acha que Tim Maia estava certo quando escreveu:
"Não quero dinheiro, quero amor sincero, isso é que eu espero!"
Um idealista
Um verdadeiro sonhador.

Rifa-se um coração
Que nunca aprende, que não endurece
E mantém sempre viva a esperança de ser feliz.
Sendo simples e natural.
Um coração insensato
Que comanda o racional
Sendo louco o suficiente
Para se apaixonar.
Um furioso suicida
Que vive procurando
Relações e emoções verdadeiras.

Rifa-se um coração
Que insiste em cometer
Sempre os mesmos erros.
Esse coração
Que erra, que briga, se expõe
Perde o juízo por completo
Em nome de causas e paixões. Sai do sério e, às vezes,
Revê suas posições
Arrependido de palavras e gestos.
Este coração tantas vezes incompreendido
Tantas vezes provocado
Tantas vezes impulsivo
Um coração para ser alugado
Ou mesmo utilizado por quem gosta de emoções fortes. Um coração abastado
Indicado apenas para quem quer viver intensamente.
E, contra indicado para os que apenas pretendem passar pela vida
Defendendo-se das emoções.

Rifa-se um coração
Tão inocente
Que se mostra
Sem armaduras
E deixa louco
O seu usuário.
Um coração que, quando parar de bater, ouvirá seu usuário dizer:
"O senhor pode conferir, eu fiz tudo certo, só errei quando coloquei sentimento,
Só fiz bobagens e me dei mal quando ouvi este louco coração de criança,
Que insiste em não endurecer se recusa a envelhecer."

Rifa-se um coração
Ou até mesmo troca-se por outro que tenha um pouco mais de juízo,
Um órgão fiel ao seu usuário
Um "amigo do peito" que não maltrate tanto o ser que o abriga
Um coração que não seja tão inconseqüente.

Rifa-se um coração
Cego, surdo, mudo
Mas que incomoda um bocado.
Um verdadeiro caçador de aventuras que ainda não foi adotado.
Provavelmente, por se recusar a cultivar ares selvagens ou racionais
Por não querer perder o estilo.
Oferece-se um coração vadio, sem raça, sem pedigree.
Um simples coração humano,
Um impulsivo membro de comportamento até meio ultrapassado,
Um modelo cheio de defeitos que, mesmo estando fora do mercado, faz questão de não se modernizar.
Uma vez por outra constrange o corpo que domina.
Um velho coração que convence seu usuário a publicar seus segredos,
A ter a petulância de se aventurar como poeta.