quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Minha Rebeldia (Vania Staggmeier)



Vaguei pelo mundo...
Observei todas as regras...
Ouvi a perfeição...
Senti a emoção...

Resolvi me rebelar...
Quero sentir todas as sensações...
Viver todas as emoções...
Até achar aquilo que ainda não vivi...

Hoje vou correr descalça...
Sentir o vento no rosto...
Atravessar pontes...
E só assim me descobrir...
Mulher... Amante...

Quero sangrar e descobrir...
Tudo o que me mantém viva...
Quero interpretar o sorrir inocente...
De uma criança...

Quero ser seu segredo...
Vem desvenda-me por agora...
Não pretendo ser verdade ou mentira...
Fato ou até solução...

Sentirei-me feliz sendo...
A maior das contradições...
Quero sonhar viver e amar...
Chorar sem lamentar...
E ser pra sempre...
A rebeldia terna de minha poesia!

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

O isopor não será perdoado.

Para Iemanjá, de Marcelino Freire

Oferenda não é essa perna de sofá. Essa marca de pneu. Esse óleo, esse breu. Peixes entulhados, assassinados. Minha Rainha.

Não são oferenda essas latas e caixas. Esses restos de navio. Baleias encalhadas. Pingüins tupiniquins, mortos e afins. Minha Rainha.

Não fui eu quem lançou ao mar essas garrafas de Coca. Essas flores de bosta. Não mijei na tua praia. Juro que não fui eu. Minha Rainha.

Oferenda não são os crioulos da Guiné. Os negros de Cuba. Na luta, cruzando a nado. Caçados e fisgados. Náufragos. Minha Rainha.

Não são para o teu altar essas lanchas e iates. Esses transatlânticos. Submarinos de guerra. Ilhas de Ozônio. Minha Rainha.

Oferenda não é essa maré de merda. Esse tempo doente. Deriva e degelo. Neste dia dois de fevereiro. Peço perdão. Minha Rainha.

Se a minha esperança é um grão de sal. Espuma de sabão. Nenhuma terra à vista. Neste oceano de medo. Nada. Minha Rainha.

*